A Justiça Federal em Santa Catarina decretou a indisponibilidade (bloqueio) do Cattoni-tur Park Hotel, no município de Salete (260 km de Florianópolis). No empreendimento, funcionava um zoológico que foi praticamente abandonado pelo dono após o Ibama interditar o local, em dezembro.
Nos meses seguintes, dezenas de animais deixados no zoo ficaram praticamente sem comer e não receberam cuidados médicos. O caso foi revelado pela Folha.
A decisão de decretar a indisponibilidade do hotel foi tomada na segunda-feira (9) pelo juiz Marcelo Roberto de Oliveira, da vara federal de Rio do Sul (SC). A medida havia sido pedida pelo Ibama, que procura obrigar o dono do empreendimento, o empresário Azodir Cattoni, a se responsabilizar pelos animais que ainda restam no zoo. Segundo o juiz, o bloqueio do hotel deve garantir o pagamento de futuras ações de indenização contra o empresário.
O Ibama também pedia a indisponibilidade de outros bens do empresário, mas o juiz optou apenas pelo bloqueio do hotel em Salete.
Ainda restam 30 animais (um leão, um tigre, três bugios, uma onça pintada, 11 macacos pregos, 11 araras e dois elefantes) no zoo do hotel, que chegou a ter mais de mil animais nos cinco anos em que funcionou.
Nas últimas semanas, a alimentação dos animais restantes foi assumida pelo Ibama e por voluntários. Elefantes, leões e hipopótamos já foram levados para outras instituições, como o Zoológico de São Paulo, após o Ibama interditar o hotel-zoo.
Na semana passada, voluntários do santuário Rancho dos Gnomos, de São Paulo, foram até Salete para alimentar e fornecer cuidados médicos para as onças e os tigres. Os animais estavam bastante debilitados pela falta de alimentação. Um dos tigres morreu após ser anestesiado.
INTERDIÇÃO
Instalado em uma área de 83 mil metros quadrados da pequena Salete, o zoo do Cattoni-tur Park Hotel foi fechado pelo Ibama em dezembro, após a fuga de um elefante. Ao vistoriarem o zoo, os fiscais constataram irregularidades, como falta de espaços adequados para os animais e problemas nos registros.
O zoo funcionava desde 2007. Nesse período, o empresário Azodir Cattoni passou a acumular legalmente uma enorme quantidade de animais. No auge, o local chegou a ter seis tigres, cinco leões, três elefantes, quatro hipopótamos e centenas de aves. A quantidade de algumas espécies superava a do Zoológico de São Paulo.
"Eles vinham de apreensões ou foram abandonados por circos. O dono se candidatava como fiel depositário e os levava", disse a analista do Ibama Heleine Franco.
Segundo o Ibama, a acumulação de tantos bichos se refletiu no índice de mortalidade, que alcançou 80%, quando o aceitável não poderia passar de 20%.
Dos 1.100 animais que entraram no Cattoni-Tur Hotel, apenas 214 estavam vivos quando o Ibama interditou o lugar.
Nos últimos dez dias, a Folha tentou entrar em contato com Azordir Cattoni por meio de advogados que o defendem em ações judiciais que correm em diversos Tribunais de Justiça do país. Nenhum quis falar com a reportagem.
Funcionários e parentes do empresário que ainda trabalham no hotel também se recusaram a comentar o assunto.
Fonte: Folha.com
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