Ainda retido pela autópsia, o corpo do estudante Roberto Curti, 21, morto há nove dias pela polícia em Sydney, deve ser liberado na semana que vem. Mas, para cumprir o desejo de levá-lo ao Brasil e realizar um enterro católico, a família estimou que terá de desembolsar US$ 100 mil.
Até ontem, a situação era de impasse. Os parentes estariam com dificuldades para reunir a quantia, e o Itamaraty tem por política não cobrir gastos com repatriação de corpo.
Uma solução seria o pagamento pelo governo australiano ou pelo Estado de Nova Gales do Sul, que controla a polícia envolvida no incidente.
Foi o que aconteceu com o brasileiro Jean Charles de Menezes, morto por engano em Londres em 2005. O governo britânico assumiu os custos.
Mas, até ontem, não houve nenhuma sinalização. O pagamento pela Austrália poderia ser interpretado como uma admissão de que a polícia agiu mal antes do fim da investigação. Curti foi morto por pelo três ou quatro disparos de arma de descarga elétrica, após ser perseguido a pé por policiais.
O resultado da autópsia esclarecerá dúvidas importantes, principalmente a de que ele estava sob efeito de drogas.
A morte aconteceu na madrugada do dia 18, um domingo, na região central da cidade. O estudante brasileiro é suspeito de ter roubado um pacote de bolachas pouco antes da ação policial.
O diretor de uma agência funerária de Sydney explicou, sob a condição do anonimato, que a família e o consulado do país de destino precisam lidar com uma extensa burocracia, pois é preciso preparar a repatriação seguindo tanto as regras australianas quanto as do país de destino. As diferenças, explica, incluem o tipo de caixão e as condições do translado.
Em sua empresa, o processo costuma sair entre US$ 42 mil a US$ 74 mil, mas o funcionário não soube falar quanto custa enviar ao Brasil, geograficamente um dos mais distantes da Austrália --há cerca de 13 mil km entre Sydney e São Paulo. Segundo ele, a repatriação é comum na Austrália devido ao alto número de imigrantes.
No Brasil, a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde exige o uso de um caixão de madeira forrado em zinco e ao menos seis documentos, como o Certificado de embalsamamento ou cremação.
Fonte: Folha.com
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