O grupo Marfrig Frigoríficos e Comércio de Alimentos S/A foi multado em R$ 1 milhão pelo vazamento de um produto que causou uma forte reação química e matou quatro funcionários na terça-feira (31) no município de Bataguassu, em Mato Grosso do Sul. O acidente ocorreu no curtume da unidade -- local de tratamento de couro-- e deixou cerca de 28 intoxicados. Três funcionários continuam internados. O frigorífico não foi atingido.
Segundo nota da empresa, os corpos de Edimar Felisbino da Silva e Marcus Vinicius da Silva Melo serão sepultados hoje à tarde no Parque Araçá, em Bataguassu. O corpo de Waldir Henrique Raimundo foi trasladado para Lins (SP) e o de Karl Matheus Luft seguiu hoje em taxi aéreo para o aeroporto de Novo Hamburgo (RS), com destino a Estância Velha (RS).
Ainda segundo a Marfrig, o estado de saúde dos funcionários Vinícius Alcântara Gartiner, Sidney da Silva Vitório e Leonardo Oliveira Silva, transferidos para a Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente (SP), é estável. "Todos os outros funcionários atendidos pela Santa Casa de Bataguassu já receberam alta e foram liberados na noite de ontem. A empresa está prestando assistência aos funcionários e familiares e colaborando com as autoridades para a rápida apuração dos fatos", diz em nota.
A multa de R$ 1 milhão foi dada pela Polícia Militar ambiental do MS, calculada com base no artigo 61 do decreto federal de 2008, que trata da penalidade imposta quando os níveis da poluição causam danos aos seres humanos. Segundo a polícia, após avaliação no local, foi constatado que o vazamento foi um acidente e que as licenças do estabelecimento estavam em dia.
De acordo com a polícia ambiental, a empresa tem 30 dias para se manifestar. Procurada pela reportagem, a Marfrig disse que está focada no atendimento às famílias e não vai se pronunciar no momento sobre a multa.
O auto de infração ainda será julgado e a o valor poderá ser aumentado ou reduzido ao final do processo administrativo instaurado pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). Os autos administrativos também foram encaminhados à Polícia Civil, que abriu inquérito para apurar as mortes dos funcionários, e ao Ministério Público do Estado, que vai investigar possíveis danos ambientais.
Como foi a reação química
Segundo informações do coronel do Corpo de Bombeiros, Joilson de Paula, um caminhão chegou na área de descarregamento do frigorífico pela manhã. Às 10h15, o motorista iniciou o enchimento de um dos dois tanques, cada um com capacidade de 5.000 litros, do líquido Coramin-MKGS, usado na retirada de pêlos de couro bovino.
Em poucos minutos, ainda segundo informações de Joilson de Paula, houve uma violenta reação química e uma fumaça saiu dos tanques. Percebendo o perigo, o motorista e vários funcionários correram em busca de abrigo. Os quatro que morreram foram atingidos de imediato.
Segundo o coronel, o Coramin-MKGS é um produto que, se manuseado de forma correta, não oferece risco. Porém, se entrar em contato com outra substância, pode passar por uma reação química e liberar gases tóxicos.
Segundo informações preliminares divulgadas pela empresa ontem, houve reação química no descarregamento de insumos realizado por uma empresa terceirizada. As causas do acidente ainda serão apuradas.
Outro lado
No fim do dia de ontem, o presidente do grupo Marfrig, Marcos Antonio Molina dos Santos, lamentou o ocorrido, por meio de nota. "A diretoria da Marfrig expressa o seu mais profundo pesar pelo ocorrido e segue prestando todo o suporte às famílias das vítimas."
A Marfrig é a segunda maior indústria de carnes do Brasil e uma das maiores empresas alimentícias do mundo, com fábricas na Argentina, Chile, México, Uruguai, Estados Unidos, França, Holanda, Reino Unido, África do Sul, Austrália, China, Coreia do Sul e Tailândia.
Em nota, a empresa diz que o vazamento foi controlado.
Fonte: UOL Notícias
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